A solenidade da Ascenção de Jesus aos céus recorda
que o Jovem de Nazaré da Galileia, Morto e Ressuscitado, retorna ao Pai porque
cumpriu sua missão terrena e, por isso, recebe do Pai a autoridade para nos
enviar em missão e fazer no mundo Seus discípulos (cf Mt 28, 18).
No relato (At 1,1-11) ouvimos que as últimas palavras de Jesus aos seus
discípulos são: “Recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo, e
sereis minhas testemunhas (...) até os confins da terra” (v. 8). A igreja,
fortalecida pelo poder do Espírito Santo, se põe no caminho do testemunho de
Jesus Cristo.
A construção do Reino não se encerra com a ressurreição de Jesus Cristo;
precisa ser concretizada continuamente na história. A Igreja existe “para” e “na”
missão de construir o Reino de Deus e faz isso dentro de um contexto amplo:
“ide por todo mundo”, sempre guiada pela força do Espirito Santo.
“Porque ficais aqui parados olhando para o céu?” (Atos 1, 11). Parece
que existe uma tendência entre os discípulos de Jesus de enrijecer e estagnar a
caminhada da vida eclesial. Um marasmo que tende a se justificar e ancorar erroneamente
no culto e no louvor. Algumas vezes, Pedro (cf Mt 17, 4) e alguns da família de
Jesus (cf. Mc 3, 31-35) tentaram interromper o caminho do Mestre, porém, o
evangelho acontece no caminho e se alguém quer ouvir este evangelho siga Jesus
pelo caminho que Ele fez.
Nossa caminhada de fé deu-se inicio no dia em que passamos a seguir
Jesus com o dom do batismo e a escuta da Palavra. É um caminho rumo ao Pai,
pelo Filho, iluminados pelo Espirito Santo que nos impulsiona na esperança,
pois é a esperança em si que nos move.
Como se deu a vida cotidiana dos primeiros discípulos com o afastamento
de Jesus? Como viveram na esperança? O cristianismo das primeiras comunidades
deu a igreja (para todo tempo e lugar) e ao mundo um testemunho de esperança
baseado no amor. Se é verdade que “quem ama conhece a Deus” (1Jo 4, 7) é
essencial dizer que a fé e a esperança estão fundamentadas no Amor. Percebam
que quando encontramos alguém fazendo o bem, nossa fé se refaz.
O cristianismo das primeiras comunidades – na ausência do Senhor
Ressuscitado – deu testemunho na partilha (cf. Ato 2, 37-47), na busca de uma
espiritualidade que buscasse a unidade (cf. Atos 1, 14. 2, 42-47). Guiados pelo
Espirito Santo procuravam fazer bons discernimentos para acolher e integrar na
comunidade aqueles que o mundo excluía (cf. Atos 10, 34-44), superando quaisquer
legalismos intransigentes (resquícios do farisaísmo). E não tinham medo de
serem “acusados de induzir o povo a adorar a Deus de modo contrário à Lei” (cf.
Atos 18, 13).
As primeiras comunidades, mesmo constrangidas com tantas incompreensões,
perseguições e acusações deixaram-se “mover contra toda esperança, esperando no
Amor” (cf Rm 4, 18). O Ressuscitado se afasta um pouco, mas a comunidade cristã
está convicta de que sua missão é colaborar para salvar o mundo do pecado da
morte, do ódio, de um legalismo intransigente que não gera vida, mesmo que seja
odiada (cf. Mt 10, 22), sem medo, pois “no amor não há temor” (cf 1Jo 4, 18).
“Fazer discípulos meus” (Mt 28, 18) não é apenas arrebanhar multidões
sem que a educação na fé, esperança e caridade deixe ser prioridade. A ninguém
na igreja foi dado o poder de levar as pessoas para “si mesmas”
(autoreferência), mas para Jesus Cristo.
Como é edificante ver um país reunido para uma causa urgente e
humanitária (a situação no Rio Grande do Sul). Como é esperançoso ouvir pessoas
contrárias às guerras, ao ódio e a exclusão. Como é bonito quando os membros da
igreja (jovens, crianças, casais, idosos...) não admitem qualquer pregação ou
discurso que denigre a vida daqueles que o Senhor ama tanto.
Nas parábolas do Reino Jesus dizia que há pessoas que “se aproveitam da
ausência do Senhor para espancar as pessoas” (cf. Lc 12, 45). Esse não é o cristianismo autêntico. Ninguém deve seguir gente assim, pois estes
roubam a esperança, a fé e a caridade. A Igreja deve ter consciência de
que é a caridade que alimenta a fé e a esperança.
Nesta semana a Diocese de Campina Grande celebra seus 75 anos de seu
reconhecimento canônico (Diocese). Há uma vasta programação preparada com muito
esforço e zelo. Rezamos para que sejam abundantes os frutos que o Reino de Deus
nos pede.
“Até aqui nos ajudou o Senhor” (1Sm 7, 12). Somos gratos a Deus por uma
história bonita escrita com muitos testemunhos, na diversidade do Espirito.
Que o Espirito Santo continue a impulsionar a vida desta Igreja Particular
em Campina Grande. Que a justiça, a equidade e a caridade, próprias da
santidade e autenticidade do evangelho, sejam as marcas de uma comunidade
eclesial que não busca triunfalismos, mas ama servir ao povo de Deus.
Deus seja louvado pelo testemunho de fé de nosso povo nas muitas
comunidades paroquiais de nossa diocese. Que as futuras gerações não tenham
medo de se encantar com o evangelho do amor e servir a Jesus, trazendo novos
ares pascais.
Em espirito de gratidão, também elevamos a Deus uma prece por todas as
mães para que tenham saúde, vida longa e dias plenos na graça de Deus, tendo a
alegria de ver a família crescer.
Boa semana!
Por Edjamir Silva Souza, padre e psicólogo.
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