Fernanda Dantas Especial para A União
Localizada na borda doestado,
já fazendo fronteira com o Rio Grande Do Norte, o município de Nova Floresta
está a cerca de 227 km da capital João Pessoa. De acordo com o último Censo do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022, a população
nova-florestense é de cerca de 9,8 mil habitantes. Além disso, a cidade integra
a região geográfica imediata de Cuité-Nova Floresta. A terra ainda é conhecida
por outro nome, apelidada carinhosamente de “princesinha do Seridó”. Quem
explica a história por trás disso é o nova-florestense apaixonado pelo lugar
onde nasceu e se criou, Adjaiton Almeida. Ele explicou que o termo surgiu em
meados da década de 1950 e 1960, fazendo referência à região Curimataú, onde
pertence, e à beleza de seus aspectos urbanos. “Esse título Princesinha do
Curimataú, ele pegou e ficou até hoje, né? Eu acho que eu posso lhe dizer que
esse apelido pode ser em meados dos anos 1950, 1960, por aí, e é utilizado até
hoje em nossa cidade.
O nome Princesinha veio
de uns tempos atrás, quando Nova Floresta era uma cidade ainda menor do que
agora, mas era muito bem organizada”, contou. A descrição continua: “Tinha uma
praça aqui, chamada de Praça Central, que era completamente florida. Era cheio
de diversas flores, tinha muitas plantas lá, e era muito organizada e bonita
para aquela época. E assim colocaram esse apelido, porque a cidade era tão
linda que começaram a chamar a cidade de princesinha quando passavam por aqui”.
Os primeiros registros de
povoamento do que viria a ser o município datam aproximadamente de 1870, onde
no território existia apenas uma zona rural pertencente conhecida como
“Estrondo”, de difícil acesso por uma estrada carroçável e com poucas casas, todas
distantes umas das outras. A primeira residência, núcleo da atual cidade, fica
na área que atualmente dá lugar à Rua Prefeito Felinto Florentino. De acordo
com o próprio site da prefeitura, o topônimo da cidade veio a partir de 1927,
quando o dono do primeiro comércio local, Benedito Marinho da Costa,
classificou o lugar como “nova floresta”, ancorado na grande abundância de
vegetação e animais na época . Mais adiante, em 1955, o desenvolvimento do
lugar, já com novas casas e uma Capela, contribuíram para que o então povoado
se tornasse distrito, ainda de Cuité. Foi aí que entraram as figuras de
Benedito Marinho da Costa, Felinto Florentino de Azevedo e Francisco Esteves
Andrade, que iniciaram os esforços para a emancipação política, conquistada
quatro anos depois, em 30 de abril de 1959. Até hoje, existe um busto em
homenagem a Felinto Florentino de Azevedo, no centro de Nova Floresta. Segundo
Adjaiton Almeida, ele é conhecido entre os moradores como o fundador do
município, dadas suas contribuições para o desenvolvimento do espaço urbano.
Resgate histórico mantém
as tradições preservadas para as futuras gerações
Ainda que não existam mais
todas as construções materiais que representam grandes momentos que Nova
Floresta já viveu, a memória de lugares como o antigo cinema Cine ìris, o clube
de futebol Grêmio Florestense e carnavais que já passaram está viva no
imaginário dos novaflorestenses. A sensação de pertencimento chega na cabeça de
quem pode vivenciar esses momentos, de quem ouviu as histórias passadas de
geração em geração, e é possível, ainda, fazer esse resgate através das redes
sociais. Um dos exemplos disso é a página no Instagram administrada por
Adjailton. Carregando o mesmo nome do município, o perfil é repleto de
postagens que fazem, até quem nunca pisou naquela região, passar por uma viagem
no tempo ao longo da história da “princesinha”. Por exemplo, o Cine Íris, que
nasceu no ano da emancipação política da cidade e já foi objeto de aclamadas
obras, como o livro “A História do Cinema em Nova Floresta”, do escritor e
pesquisador Kydelmir Dantas e do documentário “Cine Íris: um olhar de cinema em
Nova Floresta (PB)”, da jornalista Cecília Marinho, neta do próprio fundador do
cinema, Hamilton Marinho. De acordo com tal produção audiovisual sobre o Cine,
a ideia veio após o idealizador visitar uma sessão de filme no Cine Guarany, em
Patos. Foi aí que a paixão pela sétima arte e o espírito empreendedor de
Hamilton resultaram em um ponto de disseminação cultural, que fez a alegria de
quase três gerações dos cidadãos de Nova Floresta, até seu fechamento em 1989.
O dono da página do
Instagram relatou a popularidade do espaço. “Quando você cita esse nome aqui,
todo mundo vai saber do que se trata, vai conhecer o Cine Íris. O dono, seu
Hamilton, era quem trazia e rodava os filmes, e quem administrava tudo”,
explicou. Outra glória que marcou o município foi o clube de futebol Grêmio
Florestense, que, segundo Adjailton, era um grande destaque do futebol
paraibano. No perfil gerenciado por ele, há registros da escalação do time que
derrotou clubes até de outros estados, como o ABC de Natal. “Era um time muito
forte, tinha muitas pessoas que poderiam ter participado até de times mais
evoluídos, tradicionais aqui do país, mas que na época não podiam deixar a
cidade por causa de suas famílias”, lembrou. O time não existe atualmente, mas
ainda joga em campo na memória de quem pode prestigiar as partidas e
campeonatos. Outro lugar curioso da cidade é a praça central.
A mesma praça charmosa
que deu o apelido de realeza a Nova Floresta pelos canteiros floridos também
foi responsável por deixar florescer paixões que duram até hoje. No século
passado, era comum que os namoros entre jovens acontecessem em praças, e assim foi
com ela. Porém, essa tradição era tão cultuada que havia uma quantidade de
casais tão grande que superaram o número de bancos disponíveis, lotando o lugar
de corações apaixonados. “Existiam tantos casais que na época era difícil a
pessoa arrumar um espaço pra poder sentar, mesmo com o grande número de bancos
que tinham. Se tornou difícil, a pessoa às vezes tem que sentar um do lado do
outro, se “espremendo”. Muitos casais se formaram naquela época e estão até
hoje formando sua família”, destacou
Comércio e agricultura
guiam economia local
Na cidade, um dos maiores
pilares da economia é o comércio. A atividade foi, inclusive, alvo de uma
pesquisa científica este ano pela UFPB, intitulada Características dos
Microempreendedores Individuais: um Estudo na Cidade de Nova Floresta - PB. O
trabalho mapeou a atuação de diversos setores e concluiu que a economia da
cidade é beneficiada diretamente, pela capacidade de gerar emprego e renda.
Outra fonte importante é a agricultura, na cultura de plantio. Segundo Almeida,
o cultivo de maracujá é fonte de renda de muitos trabalhadores do setor. A
fruta é tão cultivada que já foi tema de uma festividade no município chamada
Festa do Maracujá, contanto com algumas edições.
Artista Flay despontou do
BBB para a música
Uma filha da terra
carrega a história de quem começou a carreira musical cedo, carregava uma fama
regional singela e, graças a um reality show, conseguiu transformar sua vida.
Flayslane Raiane Pereira da Silva, conhecida como Flay, nasceu no município em
19 de outubro de 1994. Aos 13 anos, começou sua trajetória artística. Entre
diversos trabalhos alternativos como cantora em bandas de forró locais, a
cantora teve um sucesso maior ao formar a dupla Lane & Mara, com a amiga
Lane Marinho. Durante a trajetória das duas, elas conseguiram o apoio de
artistas como Wesley Safadão, Léo Santana e a dupla Maiara e Maraisa. Em 2020,
Flay participou da vigésima temporada do Big Brother Brasil, da Rede Globo,
sendo a 13a eliminada.
A visibilidade nacional
abriu portas para que ela se lançasse de vez. Em março de 2021, Flay lançou seu
primeiro single solo, Osmar, assumindo o roteiro e codireção do vídeo, gravado
em Penedo (AL), com participações de celebridades nordestinas. Em maio, lançou
“Coração em Stand By” em parceria com Eric Land e Menor Nico. Em setembro,
iniciou sua carreira internacional com “Céu Azul”, ao lado de Ferrugem e da
cantora mexicana Dulce María. Seu último trabalho foi o álbum pop “Imperfeita”,
lançado em março deste ano. Mostrando o potencial de sua voz, ela também foi
campeã da terceira temporada do reality show The Masked Singer Brasil, da TV
Globo. Atualmente, a cantora possui mais de sete milhões de seguidores no
Instagram e quase 34 mil ouvintes mensais na plataforma Spotify.
A União 10.12.2023
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