Paraíba integrará rede nacional de mestrado profissional em saúde pública


 

            A Paraíba terá um mestrado profissional na área de saúde pública, de caráter nacional, com coordenação acadêmica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Uma articulação institucional entre a Universidade Estadual da Paraíba, a Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba (Fapesq-PB), a Escola Estadual de Saúde Pública (ESP-PB) e a Fiocruz trouxe para o estado o Profsaúde, um programa de pós-graduação stricto sensu em Saúde da Família, criado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva e que forma uma rede de 24 instituições de ensino em pesquisa, em 17 estados, lideradas pela Fiocruz. A Paraíba, agora, integra essa rede.

 

Foi a partir do contato do Programa de Pós-graduação em Saúde Pública da UEPB com a Fapesq, no ano passado, que se iniciou um diálogo entre as instituições. O Presidente da Fapesq, Roberto Germano, esclareceu que este seria o momento oportuno de integrar as políticas públicas existentes no estado, a universidade e a Escola de Saúde Pública da Paraíba a fim de fortalecer as instituições, capacitar os profissionais da área no estado e incrementar o próprio Sistema Único de Saúde.

 

 

De acordo com Felipe Proenço, diretor da ESP-PB, a demanda do SUS por profissionais de saúde é identificada na Paraíba no momento em que as vagas oferecidas em editais não são preenchidas completamente. Ainda existem áreas profissionais do SUS que não contam com cursos públicos para formação de pessoal: ou o candidato precisa sair do estado ou ter dinheiro para pagar uma escola privada. Outra característica na formação do profissional de saúde é o aprendizado na prática: “A formação em saúde se dá especialmente pelo trabalho e nesse sentido o SUS é uma grande escola. As instituições de ensino são importantes, mas existe um saber que é do serviço, é do trabalhador no cotidiano, no serviço de saúde”, explica Felipe Proenço.

Por outro lado, na UEPB, o Programa de Pós-graduação em Saúde Pública que oferece um mestrado acadêmico sofrerá nesse ano o corte de bolsas de pesquisa, devido à nova política de distribuição de bolsas executada pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), que descontinua a oferta para programas avaliados na sequência de três avaliações com nota 3. O fato prejudica o programa ao dificultar o ingresso de estudantes que ainda não trabalham e dependem de dinheiro para se sustentarem. Isso diminui a produção intelectual do curso e o coloca mais distante de melhores avaliações. Nesse caso, um mestrado profissional poderá fortalecer o programa de pós-graduação da UEPB como um todo.

Nesse contexto, a Fapesq-PB é a instituição de fomento que cumpre as políticas públicas de financiamento à pesquisa, especialmente por meio de editais, como é o caso do PPSUS, o Programa Pesquisa para o SUS: Gestão Compartilhada em Saúde que tem o objetivo de financiar pesquisas em temas prioritários de saúde, capazes de dar resposta aos principais problemas de saúde da população. Para Roberto Germano, o alinhamento de todos esses fatores, a integração entre a UEPB, a ESP-PB e a Fiocruz e a existência de políticas no estado que financiam a pesquisa, convergem para uma solução geral.

“Eu fui procurado pelo professor Francisco Jaime (Bezerra), pró-reitor da UEPB, que me apresentou os problemas enfrentados pelo curso de Saúde Pública e conheço a realidade da Escola de Saúde Pública (PB), que definiu um posicionamento para oferecer formação especializada.


Defendi, então, que, se era para fazer um curso de especialização [na ESP-PB], que nós buscássemos redes nacionais para fortalecê-la e introduzíssemos um mestrado profissional. Nós examinamos, por meio da Fiocruz, o programa Profsaúde, e agregamos a estrutura já existente na UEPB. Com isso, será possível a existência de um curso de excelência, integrado a uma rede nacional”, declarou Roberto Germano.

O mestrado profissional vai justamente ao encontro da pessoa que atua no campo de pesquisa, que muitas vezes não se enxerga como um pesquisador mas lida com dados de pesquisa em seu cotidiano, como se referiu Felipe Proenço falando do aprendizado na prática.


Segundo Francisco Jaime, “o estado da Paraíba é o único da federação que terá a academia e uma Escola de Saúde Pública trabalhando em conjunto. Um modelo que integra a academia e o estado para atender os problemas de saúde pública”. O corpo docente terá inicialmente, nesta primeira turma, 4 professores da UEPB e um da ESP-PB, unificando as instituições de maneira a formar os profissionais de atenção primária de saúde. O curso será na modalidade semipresencial, de educação à distância, adequando a disponibilidade de tempo do profissional que tem uma longa carga horária.

No primeiro edital público, lançado pela Fiocruz, aberto para todos os interessados da área, serão disponibilizadas 5 vagas: 2 na área da medicina e 3 na de enfermagem. De acordo com as exigências, nesta etapa inicial cada professor irá orientar um aluno. As próximas turmas terão incremento de vagas.
“A pós-graduação vive um novo momento. O pensamento é agregar as competências, formar uma rede fortalecendo localmente as instituições. Antigamente falava-se em criar novos programas. Hoje é primordial criar competências, núcleos de excelência reconhecidos como o melhor local para desenvolver o estudo em determinado tema”, avalia o pró-reitor Francisco Jaime.

 Por Márcia Dementshuk, assessora da SEC&T

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