HOMENAGEM AO DIA DO MEIO AMBIENTE – POR MARCOS NASCIMENTO.

Infelizmente o fato é que subestimamos o valor de natureza, omitindo partes significativas do nosso ambiente natural. Natureza compreende os elementos vivos e elementos não vivos. São os elementos vivos – nossa biodiversidade - que são tradicionalmente enfatizados, mas o mundo natural também inclui a base física do planeta – minerais, rochas, fósseis, relevo, solos e os processos físicos que juntos a compõem – nossa geodiversidade.

 


De acordo com Murray Gray (Londres), existem mais de 25 serviços prestados à sociedade pela geodiversidade do planeta. Por exemplo, sem a diversidade de altitude, topografia, solo, hidrologia, litologia, entre outros haveria pouca biodiversidade.


 A geodiversidade é mais do que a base para a biodiversidade, mas também fornece armazenamento de água nos aqüíferos, petróleo e gás nas camadas de rochas e uma oportunidade para o armazenamento de carbono também. Nós também enterramos nossos mortos e um monte de nossos lixos dentro da Terra. Nós construímos nossas cidades de rocha, tijolo, aço, concreto, vidro e betume, todos derivados da natureza. Usamos recursos energéticos, incluindo carvão, petróleo, gás, urânio, geotérmica, além das ondas, recursos hídrico e eólico, todos derivados da natureza não viva. 


Valorizamos nossas ligas de metal, o nosso ouro, prata, platina e pedras preciosas. Muitos artistas, autores, escultores, músicos, poetas e pintores buscar inspiração, e por vezes materiais também, a partir de elementos físicos do ambiente natural. Nosso cenário em lugares como Pão de Açúcar (RJ), Foz do Iguaçu (PR), Chapada Diamantina (BA), Lençóis Maranheses (MA), Pantanal (MS) ocorrem principalmente devido aos afloramentos rochosos espetaculares e/ou em litoral, mas também valorizamos as nossas serras, montanhas, vales e outras paisagens. E nós aprendemos sobre a história geológica do país e a evolução da própria vida por meio do estudo dos registros preservados em nossas rochas e fósseis. Estes demonstram não só a deriva da placa sul-americana sobre a superfície do globo, mas também os impactos da mudança climática natural nos últimos milhões de anos, proporcionando assim uma base para avaliar mudanças induzidas pelo homem no clima. Infelizmente nada disso é mencionado em relatórios e outros documentos elaborados pelos governantes.



Vários serviços são resultados de processos biológicos e físicos, e estes enfatizam o ponto que a gestão sensata do ambiente natural pode ocorrer sem uma compreensão de ambos os processos biológicos e físicos. Não devemos só enfocar na gestão da natureza focada nas espécies e habitats, e sim se envolver em uma abordagem integrada para gerenciamento de processos físicos e ecológicos. Isto é particularmente importante no contexto das alterações climáticas e da mudança do nível do mar, por exemplo. 



É muito decepcionante ler/ver relatórios/documentos de diferente entidades abordando praticamente nada sobre os nossos fundamentos físicos, recursos e processos, muito menos sobre sua avaliação (neste caso, falamos da Geodiversidade).

 



Marcos Antonio Leite do Nascimento/ Departamento de Geologia da UFRN

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