Os investidores têm acompanhado no Brasil à queda de
preço do minério de ferro. Principal produto nacional para exportação, desde o
ano passado, a situação não tem sido animadora frente a outros países que
utilizam a mesma fonte de economia para exportação, como a China e a Austrália,
o que colabora para um agravamento interno e ao risco de inflação. De acordo
com a Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), os recursos
durante 2014 chegaram a cerca de 24 bilhões de dólares, muito inferior aos 42
bilhões de dólares de 2011.
Na opinião dos especialistas, os principais motivos
pela queda de preço do minério de ferro foram investimentos em outros setores
feitos nos países produtores como Brasil e Austrália, gerando aumento de
oferta; e a desaceleração da economia capitalista da China, que empurrou para
baixo o preço do minério de ferro, além do que, os chineses passaram a usar o
próprio minério em vez de importarem do Brasil. Aumentando a oferta,
consequentemente, diminuem os preços.
Com a desvalorização do minério de ferro, junto do
petróleo e da soja, o Brasil sofre um déficit não percebido há 14 anos. Segundo
a Associação do Comércio Exterior do Brasil (AEB), o déficit em conta corrente,
incluindo balança comercial e dividendos, entre outros aspectos econômicos,
chegou a 3,73 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) do ano passado, o que
impacta na necessidade de financiamento externo da economia nacional. A baixa
expectativa quanto ao desempenho das siderúrgicas nacionais e estrangeiras para
os próximos anos cria um certo desconforto quando ao crescimento do mercado de
minério de ferro, visão diferente da década anterior, em que as importações e
exportações eram muito boas e otimistas. A prognóstica revela um crescimento do
consumo de minério de ferro de aproximadamente 21 por cento até 2017.
Vale e a queda de preço do minério de ferro
Tanto a Vale quanto a Rio Tinto PLC e a BHP Billiton
australianas não se impressionaram com a queda de preço do minério de ferro e
estão investindo alto, apostando em mais produção com a expectativa de que a
eficiência de escala traga lucros e o fantasma da crise não os afugente.
Entretanto, grandes países produtores de aço, e que utilizam o minério de ferro
como matérias-primas, como Coreia do Sul, Japão e China, pretendem estar unidos
para pressionar as negociações quanto aos preços.
Ano de incertezas
A expectativa para 2015 é de que o aumento da produção
de minério de ferro aponte preços para baixo e melhore a balança comercial.
Tem-se também a esperança de que países como a Argentina, compradores
potenciais de produtos manufaturados, consigam sair de suas crises econômicas.
Um superávit neste ano poderá ser possível se houver uma queda nas importações
perante a redução da demanda interna, conforme avaliam economistas.
Executivos ligados ao mercado siderúrgico, atentos à
situação da queda de preço do minério de ferro no Brasil e no mundo, afirmam
que a demanda por este elemento irá continuar aquecida nos próximos dez anos,
em média, pois, mesmo com a desaceleração econômica percebida na China, ainda
existirá uma atividade econômica intensa que sustente a demanda nos níveis hoje
verificados.
E mesmo com a competitividade do Brasil ter diminuído,
continua um país em quem o custo médio da mineração, se comparado a Austrália e
África do Sul, permitirá um crescimento na participação do mercado dito
transoceânico, de acordo com técnicos do Instituto Brasileiro de Mineração
(Ibram).
Minério de qualidade
O minério de ferro brasileiro é considerado de alta
qualidade porque é composto de ferro e poucos elementos ditos “indesejados”,
como carbonatos, enxofre, alumínio e fósforo. É encontrado em grande quantidade
no Quadrilátero Ferrífero (MG), em Carajás (PA) e em Corumbá (MS) e tem como
reservas de ferro de qualidade para comercialização os tipos hematita, canga e
itabirito. Os cinco países com as maiores reservas de minério de ferro (em milhões
de toneladas) são: Austrália (17.000); Brasil (16.000); Rússia (14.000); China
(7.200); Índia (4.500).
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