Garimpeiros de São José da
Batalha, na zona rural de Salgadinho, no Sertão do Estado, denunciam que
contrabandistas de turmalina Paraíba voltaram a agir na região. Eles alegam que
os ‘traficantes’ do mineral, que é considerada a pedra preciosa mais valiosa do
mundo, estariam extraindo em minas clandestinas, e vendendo para estrangeiros.
A região é um dos recantos mais
cobiçados do mundo por mineradores, grandes exploradoras e contrabandistas,
atraídos pela turmalina Paraíba, que chega a custar até “100 mil reais” por
grama, sendo mais cara que diamante.
A pedra, que é utilizada em
joias de grifes como Amsterdam Sauer, H.Stern, Dior e Tiffany, que
comercializam peças únicas por até “um milhão e meio de reais”, nunca
representou desenvolvimento para a região de Salgadinho, onde a população
sobrevive em maior parte, de programas sociais, como o Bolsa Família.
Em meio ao risco de acidentes
dentro das minas que possuem até 100 metros de profundidade e 40 de extensão,
os garimpeiros alegam que a única coisa que sobra para eles é o rejeito
(espécie de material descartado nas minas).
Eles se aventuram na retirada
do produto em busca de encontrar pequenos fragmentos de turmalina.
“Arriscamos nossas vidas em
busca de turmalina, mas não temos sequer o prazer de contemplar uma pedra que é
do nosso lugar. Trabalhamos de empregado de outras pessoas que pagam um salário
mínimo para que possamos nos arriscar em busca da pedra que depois desaparece,
ninguém sabe pra onde. Quem pelo menos esconder uma pedrinha, é capaz de
morrer”, disse um minerador que não quis se identificar com medo de sofrer
represálias.
Os garimpeiros denunciam que
para mandar as gemas para fora do país os contrabandistas utilizam várias
formas de escondê-las, colocando as turmalinas na língua e até em partes do
corpo.
A turmalina Paraíba,
considerada uma das cinco pedras preciosas mais caras do mundo, possui este
nome por ter sido encontrada no distrito de São José da Batalha em 1982.
De 1989 até hoje, estima-se que
a exploração da pedra já tenha rendido aos contrabandistas aproximadamente 100
milhões de dólares. Os maiores compradores de turmalina Paraíba, são os
japoneses, americanos e alemães.
A área possui apenas três
garimpos legais.
Para que possam explorar a
turmalina Paraíba, os garimpeiros precisam solicitar junto à autarquia federal,
uma autorização e se responsabilizar pelo pagamento da Compensação Financeira
pela Exploração de Recursos Minerais (CEFM).
Após recolher o CEFM, a União
divide o valor arrecadado junto aos garimpeiros. São 65% destinados ao
município, 23% ao Estado e 12% para União. No entanto, nem a Prefeitura e nem órgãos
como o DNPM estariam recebendo os tributos. Apesar das denúncias de que a
exploração está acontecendo, as empresas insistem em alegar que o mineral se
esgotou.
Policia Federal
O delegado da Polícia Federal, Leonardo Paiva, da delegacia de combate a crimes contra o meio ambiente, diz haver procedimentos instaurados que investigam denúncias na região de São José da Batalha, mas que nunca foi possível comprovar o ‘tráfico’ de pedras preciosas.
“Não chegam até nós denúncias
que ofereçam dados concretos, com os quais possamos trabalhar e comprovar o
contrabando. Já foram feitos trabalhos investigativos, mas é muito difícil
obter informações sobre isso. Temos procedimentos instaurados que apuram
denúncias ambientais. É preciso que as pessoas que querem denunciar procurem a
polícia e façam uma denúncia formal”.
Raridade
Exclusividade da Paraíba, a turmalina de cor azul neon, a mais cara no mercado de gemas, só foi encontrada em jazidas de São José da Batalha. A raridade é explicada pela gemologia por conta da coloração incandescente de uma combinação de traços de cobre e manganês dentro da pedra.
Nós últimos meses, os
mineradores do Seridó passaram a encontrar novos indícios da existência de
turmalina bicolor, com mais destaque para jazidas das cidades de Nova Palmeira,
Picuí e Salgadinho.
Paraíba Geral com Daniel Motta
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